Entre medalhistas e turistas todos se salvaram

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Os jogos Olímpicos do Rio estão chegando ao fim, e entre medalhistas e turistas, todos se salvaram. Pelo menos até hoje, porque em 72 horas muita coisa ainda pode acontecer.

Foram dias incríveis! Aprendemos tanto! E também ensinamos um pouco ao mundo. Especialmente na Cerimônia de Abertura, aquele espetáculo inesquecível. Mostramos as nossas origens, nossos inventos, nossa cultura diversificada, enriquecida pelos diversos povos que formaram nossa nação.

Ao longo desse período, houve alguns “desastres”, mas nenhuma tragédia, ufa! O primeiro incidente foi a entrega da Vila Olímpica em condições inabitáveis. Resolveu-se, mas rendeu bastante desconforto.  Depois, veio a piscina com água verde, cheia de algas e, até agora, nenhuma micose noticiada. Teve a imensa câmera que caiu no Parque Olímpico, que resultou em sete pessoas machucadas, nada grave. Mas a deficiência da instalação ficou claríssima. Deu vergonha. Também me envergonhei de uma porta de vidro que se estilhaçou em decorrência do vento, no mesmo dia. Ainda bem que foi apenas uma porta e ninguém se feriu. Até agora, uma morte fora das atividades olímpicas. Uma fatalidade.

Todos inconvenientes pequenos demais para o grande espetáculo protagonizado pelos atletas do mundo inteiro. Houve vários recordes quebrados, um deles do incrível Thiago Braz.

Nestas Olimpíadas, conseguimos resultados inéditos: a primeira medalha de ouro no salto com vara, o primeiro ouro para mulheres na vela, o ouro inédito no boxe. Diego Hypólito se superou e realizou o sonho de muita de gente de vê-lo no pódio olímpico, e nos deu a prata no solo da ginástica artística em dobradinha com o Arthur Nory. Aliás, Nory estava em nono lugar e herdou a oitava posição nas classificatórias de um japonês excedente, ficando apto para disputar a final e nos presentear com seu bronze, seu sorriso, sua alegria.

E enquanto escrevo esta crônica, não sei qual o metal da medalha do futebol masculino, nem se nossas meninas conquistarão o bronze. Não sei se levaremos alguma medalha no nado sincronizado e na ginástica rítmica. Independentemente do que aconteça, conquistamos muitas vitórias, conhecemos histórias de luta e superação de nossos atletas e passamos a entender e a valorizar algumas modalidades esportivas.

Sinceramente, o ideal seria que o Brasil inteiro realmente valorizasse o esporte. A luta dos nossos atletas é quase solitária. Alguns exemplos de persistência são tocantes. Por exemplo, o Diego Hypólito venceu um quadro depressivo e chegou ao pódio olímpico. Soubemos também da comovente história de abandono do Thiago Braz e nos impressionamos com sua maturidade e capacidade de concentração.  E não se pode esquecer das dificuldades enfrentadas pelo Caio Bonfim, que chegou em quarto lugar na marcha atlética, depois de correr 20 km — a conquista, inédita, valeu como um ouro. Ele era xingado durante os seus treinos nas ruas de Sobradinho, no DF.  E ainda vai disputar os 50 km da marcha atlética, é mais do que uma maratona! Há tantas outras histórias que nos emocionam e nos ensinam.  O mérito da vitória é todo deles.

Na nossa Olimpíada também teve muita zoeira. É a paixão brasileira e a nossa capacidade de rirmos de nós mesmos e de tudo e de todos. Como naquela luta de boxe em que não havia atleta brasileiro, mas havia um juiz e a torcida foi toda para ele. As vaias são horríveis, mas por meio delas foi-nos revelado um francês babaca, que tentou, de todas as maneiras, desmerecer a vitória do brasileiro Thiago Braz. Impossível, ficou péssimo para o francês.

Vimos o tanto que os cubanos são marrentos, e o quanto eles se amarraram na facilidade que é falar ao telefone aqui. Imaginem se essa gente vai para um lugar realmente desenvolvido?

E o que dizer dos quatro nadadores estadunidenses investigados por falsa comunicação de crime? Não sabiam que mentira tem perna curta? A impunidade no Brasil deve ser mundialmente conhecida e eles resolveram pagar para ver, mas “deu ruim” (como diz a moçada). Com o esclarecimento dos fatos, certamente perderão patrocínios, porque a credibilidade desses jovens e brilhantes atletas foi mortalmente atingida. O Comitê Olímpico dos Estados Unidos pediu desculpas a todo o povo brasileiro e declarou que a conduta destes atletas não condiz com os valores americanos.

Apesar dos inconvenientes e das vaias, pode-se dizer que o balanço dos Jogos Olímpicos é positivo. Segundo o Ministério do Turismo, 87% dos turistas estrangeiros que vieram para o evento voltariam ao Rio de Janeiro. Aliás, houve elogios à hospitalidade do brasileiro.

Aprendemos muito. No entanto, implementar esse aprendizado em programas de governo é outra história. Acabar com a xenofobia, a homofobia, o racismo e o machismo não é nada fácil e levará tempo. Os Jogos Olímpicos foram um importante reforço.

Bom fim de semana procês!