Reflexões sobre a agressão sofrida por Míriam Leitão

 

Ficha de Míriam Leitão no DOPSA ignorância, a falta de bom senso e a brutalidade humanas são ilimitadas. Que o diga a jornalista Míriam Leitão, vítima da ira e da violência de delegados petistas em um voo no início do mês. O texto publicado em sua coluna n’O Globo, “O ódio a bordo”, foi um dos tópicos mais comentados da semana na mídia brasileira. Li a coluna perplexa, e passei os últimos dias com esse texto voltando à minha mente. Nesta crônica de sexta, quero compartilhar minhas reflexões sobre a agressão sofrida por Míriam Leitão.

Não foi apenas a estupidez petista que me chamou a atenção, até porque o artigo era sobre isso. Mas, confesso, fiquei decepcionada com Míriam: pegou leve com os agressores e colocou um peso desproporcional na empresa aérea em que viajava. Em que pese a tripulação do voo devesse realmente ter tentado repreender o comportamento inadequado, o maior problema parece não ter sido esse.

Penso que Míriam poderia ter aproveitado para desenvolver um texto sobre o autoritarismo e o que seria da imprensa livre se a ânsia de controle dos governos petistas tivesse vingado. Se “simples delegados” a agrediram de modo tão veemente, o que não fariam os poderosos ex-governantes no comando do exercício de uma lei de “controle” da imprensa?

Não há dúvidas quanto a isso. Basta ver como os parceiros do PT operaram, e os exemplos mais contundentes são o que Cristina Kirchner fez com o grupo Clarín na Argentina e, num estágio mais avançado, o que Hugo Chávez e Nicolás Maduro fizeram com a imprensa livre na Venezuela. Seria mais ou menos o que os governos petistas fariam com o grupo Globo no Brasil. Por sorte, não lograram êxito.

Míriam foi xingada de “terrorista” por seus ofensores e chamou a atenção, no texto, para o fato de que esta foi a primeira palavra que ouviu quando chegou ao quartel do exército, nos anos negros da ditadura militar. Vamos nos lembrar de que Míriam foi torturada grávida, com apenas 19 anos; Lula, o grande líder petista, apenas passou uns dias no xadrez. E os petistas chamam de terrorista uma mulher que lutou contra a ditadura e sofreu as piores ofensas. E com um bebê no ventre, não nos esqueçamos. Para os correligionários esquerdistas, apenas Dilma foi torturada e é digna desse reconhecimento.

A jornalista foi valente ao recusar as alternativas oferecidas pela tripulação, e vale a crítica de que o comandante do voo sequer fez um pedido de silêncio pelo microfone. Das duas, uma: ou é um covarde ou é petista, e concorda com a ideia de que os problemas do partido foram criados pelo grupo Globo.

No último parágrafo de sua postagem, Míriam afirma que não acha que o PT seja isso. Espero que tenha se arrependido dessa frase, depois que Gleisi Hoffman, embora lamentasse o ocorrido em nota oficial, não pediu desculpas, por entender que o partido nada fez à jornalista. Na mesma nota, a senadora não perdeu a oportunidade de responsabilizar a Rede Globo pelo clima de ódio que toma o país.

O PT, além de não se implicar na crise em que estamos afundados, ainda culpa terceiros por erros que são só seus. Afinal, o discurso de “nós contra eles” é a principal linha de raciocínio do partido desde a sua criação, e foi exacerbado com o impeachment de Dilma e o mimimi de golpe.

Ora, o Grupo Globo e vários outros grupos editoriais e emissoras de rádio e TV noticiam e emitem opinião sobre as asneiras e os crimes de lesa-pátria que o PT cometeu ao longo de quase 14 anos, e cujas consequências sofreremos por décadas. Por que essa perseguição, esse fetiche todo com a Globo? É provável que seja pelo fato de a emissora ter grande penetração no país, com uma rede robusta de subsidiadas e sucursais regionais. Isso facilita a chegada da notícia, bem como de ideias diversas das da agremiação — a TV Globo é uma poderosa formadora de opinião. E, como bem vimos e testemunhamos em várias ocasiões, o PT e seus delegados — como quis fazer parecer a nota da Gleisi Hoffman — não aceitam bem ideias e opiniões diferentes das suas. É mais fácil colocar na emissora a pecha de “manipuladora” do que admitir as falhas e os crimes cometidos.

Cabe lembrar que o partido foi o grande manipulador da opinião pública por meio de seus programas de governo para os pobres, mentira deslavada cuja verdadeira extensão estamos descobrindo. No fundo, a agremiação criminosa tem é inveja da Globo: queria ter a capacidade de incutir sua ideologia (e suas mentiras, como se verdades fossem) com a eficiência da emissora que, por sinal, é responsável pelo programa de sucesso “Big Brother”.

Qualquer semelhança da agremiação criminosa com o Partido de Oceânia, da obra 1984, não é mera coincidência: George Orwell captou como ninguém o espírito e os objetivos da esquerda. Mas há uma diferença significativa: o PT e seus líderes desejam riqueza e boa vida.

Bom fim de semana procês!

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